13 de maio de 2014

Rita Lee Mora Ao Lado

Ontem, eu e a tropa ( Cris, Biel, Letícia e Dona Ivete) comemoramos o Dia das Mães em grande estilo e fomos ver a falada peça "Rita Lee Mora ao Lado" no Teatro das Artes, encravado no Shopping Eldorado. Muito tem se comentado sobre a interpretação de Mel Lisboa para a nossa roqueira mor, e fomos conferir se a moça se possuiu de Rita Lee mesmo. O teatro estava lotado, o que é um bom sinal, e a peça já começou com tudo, mostrando o início de carreira de Rita Lee, citando suas bandas iniciais, e dando um grande destaque para os seminais Mutantes, a banda que conseguiu encaixar o rock nos tradicionais festivais de MPB dos anos 60 e início dos 70 e é até hoje cultuada por centenas de fãs espalhados pelo mundo. Mel Lisboa se mostrou realmente talhada para esse papel e mesmo não sendo uma cantora profissional e contracenando com vários atores/cantores, soltou a voz muito bem durante toda a peça e não deixou a peteca cair em nenhum momento. A performance do elenco também empolga e a história, baseada no livro de mesmo nome do autor Henrique Bartsch, já falecido, situa os principais fatos com muita fluidez e leveza, desde os festivais, destacando as presenças tropicalistas de Gilberto Gil e Caetano Veloso, até os pesados anos 70, com as prisões de Gil e da própria Rita, a sua saída dos Mutantes, a carreira solo com Lucinha Turnbull ( As Cilibrinas do Éden) e o auge roqueiro com o Tutti Frutti, finalizando nos anos 80, com a união com Roberto de Carvalho e o sucesso popular. Inclusive achei o roteiro mais limpo e descomplicado do que o do Tim Maia - O Musical, mesmo sendo baseado em uma ficção que mistura fatos biográficos. Todos os atores fazem mais de um personagem e famosos que participaram da vida de Rita desfilam pelo palco com muita comicidade e emoção: Ronnie Von ( em atuação hilária de César Figueiredo), Gilberto Gil (totalmente incorporado por Samuel de Assis), Caetano Veloso ( em figurino muito exagerado, mas bem conduzido por Antonio Vanfill), Hebe Camargo ( impagável com Débora Reis), Gal Costa ( a cara da atriz Yael Pecarovich) e Ney Matogrosso ( em aparição surpreendente conduzida pelo ator Fabiano Augusto - conhecido garoto propaganda das Casas Bahia). Outras personalidades retratadas - Elis Regina ( por Flávia Strongolli), em momento crucial da prisão de Rita Lee, Tim Maia, Jorge Ben, ouvindo sua música em apresentação única dos Mutantes, e João Gilberto, em cena totalmente joaogilbertiana ao telefone, fecham a aparição de artistas que em algum momento da vida sintonizaram-se com Rita. Cita-se no programa o Midani ( produtor de discos)  mas confesso que não percebi a presença deste entre os números musicais. Talvez um Erasmo Carlos pudesse completar esse time, mas tudo bem. Gostei bastante da presença de palco da Lucinha Turnbull (feita por Thalita Pereira) e os números dos Mutantes com os irmãos Baptista ( Serginho por Nellson Oliveira e Arnaldo por Antonio Vanfill) renderam boas apresentações ( embora ambos não lembrassem fisicamente quase nada dos irmãos). O cara que conquistou o coração da compositora, Roberto de Carvalho, vem em uma atuação bem tranquila do ator Rafael Maia, que lembra muito o guitarrista. Lembrando que estou falando aqui das interpretações dramáticas - musicalmente eu achei todo o elenco que canta, impecável, além da banda de apoio, claro. Permeando tudo isso, dois personagens que só existiram no livro: Dona Diva Farniente ( Nanni Souza, destaque e uma excelente voz também) e sua filha Bárbara ( a comediante Carol Portes, em atuação quase perfeita). Essa última é quem narra toda a saga, desde a fixação de sua mãe pelo pai de Rita, até a sombra que se assentou no quintal e na vida da vizinha Rita a partir daí. Quanto à surpreendente Mel Lisboa, a própria Rita Lee a aplaudiu efusivamente, depois de ver sua "incorporação" ao vivo. Além de ter "adquirido" o timbre certo, a atriz se movimenta, gesticula, anda e se impõe como Rita Lee. E para fechar, que eu já escrevi demais, preciso citar as músicas que entraram na peça, ou pelo menos a maioria que eu lembro:
Ovelha Negra, Panis et Circensis ( fase Mutantes), Ando Meio Desligado ( fase Mutantes), Minha Menina ( fase Mutantes), Não Vá Se Perder por Aí ( fase Mutantes), Top Top ( fase Mutantes), Mamãe Natureza ( fase Cilibrinas do Éden), Agora Só Falta Você, Esse Tal de Roque Enrow, Jardins da Babilônia, Menino Bonito, Doce Vampiro, Banho de Espuma, Flagra, Baila Comigo, Saúde, Caso Sério, e uma grata surpresa para mim e minha mulher, a inclusão de Coisas da Vida, de 1976, uma de nossas preferidas que pouco toca nas rádios e que na peça teve uma grande produção de cena. Essas citadas são as que Rita Lee/Mel Lisboa participa - ainda teve música. de Milton Nascimento ( O que Foi Feito de Vera), Gilberto Gil ( Domingo no Parque), Caetano Veloso (Tropicália), Rolling Stones ( Fool to Cry), Jimi Hendrix ( Hey Joe), Beatles, entre outras. No fim, nem sentimos as duas horas e vinte minutos da peça. Palmas para Mel Lisboa e todo o elenco.

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