5 de abril de 2014

José Wilker (1947-2014)

Divulgação Rede Globo
Morre mais um grande nome da nossa dramaturgia: José Wilker, com apenas 66 anos, sofreu um infarto fulminante enquanto dormia. Nas minhas mais remotas lembranças está lá o jovem José Wilker, com aquele jeitão hippie, macacão e cabelo comprido, nas novelas da Globo do início dos anos 70. Eu pequeno ainda, mal sabia que aquele magrelo com ligeiro sotaque nordestino já tinha dez anos de teatro e pendores esquerdistas. Ele fez muitas novelas desde então, quase uma por ano, com destaque para o Mundinho, de Gabriela, e em Roque Santeiro, em que fez o próprio, e Senhora do Destino, interpretando o bicheiro Giovanni Improtta ( que virou até filme). Mas as cenas que mais me marcaram em sua carreira foram mesmo no cinema: como o galinha Vadinho, em Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976) - filme que sempre está na ponta em listas dos mais vistos de todos os tempos - e como o protagonista de Bye Bye Brasil (1979), na inesquecível "Caravana Rolidei". Sempre foi um apaixonado pela nona arte, escrevendo artigos para jornais e revistas sobre o tema e comentando a cerimônia do Oscar por vários anos. A sua voz marcante também lhe rendeu algumas narrações em documentários. Nos últimos tempos, fez o coronel Jesuíno no remake de Gabriela e participou de Amor à Vida, sua última novela, no ano passado. Um papel ruim aliás, não condizente com sua grande história na TV. Wilker se foi, mansamente, ao contrário de um de seus personagens mais importantes, o Vadinho, que voltou à Terra para atazanar e tentar "curtir" a vida mais um pouquinho ( abaixo, uma das cenas do filme que marcou o cinema nacional). Inesquecível.

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