9 de fevereiro de 2014

Nonato Buzar (1932-2014) e Adail (1930-2014): dois originalíssimos artistas!

Nonato Buzar ( reprodução)
Neste mês, faleceram dois artistas de áreas diferentes, mas muito parecidos na originalidade e na discrição: Nonato Buzar, compositor,grande parceiro musical de Tibério Gaspar. E Adail, cartunista, ilustrador, chargista e profundo conhecedor das raízes do samba. Ambos viveram quase toda a vida no Rio. Nonato Buzar, que passou a infância no Maranhão, chegou na cidade maravilhosa em 1953 para se formar engenheiro, mas logo se enfronhou na música, tocando com bambas da bossa e da música instrumental no Little Club e no Bootle's no Beco das Garrafas em Copacabana. Sua primeira gravação, "Guerra à Bossa" foi feita por Paulo Silvino e seu nome já prenunciava uma vontade de mexer com "as estruturas" da música tradicional. E foi o que aconteceu na virada dos anos 60, quando idealizou , produziu e participou da "Turma da Pilantragem", um grupo enorme com foco no swing e na descontração, remexendo a bossa e criando um estilo novo (veja aqui os participantes: http://www.dicionariompb.com.br/a-turma-da-pilantragem/dados-artisticos ) Nessa altura era um compositor com carimbo próprio e tarimba , compondo tanto músicas singelas como bossas com ginga. Um pouco antes, já participava ativamente dos famosos festivais ao lado do seu parceiro mais constante Tibério Gaspar. Nos anos seguintes, focou nas composições de telenovelas ( destaque para Irmãos Coragem e Assim na Terra como no Céu) e na produção de jingles, além de produzir para as majors. Elis Regina, Nana Caymmi, Maysa, Cauby, Milton Nascimento, Wilson Simonal e Jimmy Cliff foram alguns dos que gravaram suas músicas - Maria Rita, em seu primeiro disco, lançou uma ótima versão para "Menininha do Portão" (sua e de Paulinho Tapajós, falecido recentemente).
Adail (reprodução)
Adail, da mesma geração, nasceu em Registro (SP) mas passou sua juventude na região do Jaçanã, na capital São Paulo. Já em 1948, colaborando em O Governador e A Marmita, iniciou sua longa trajetória de cartunista/chargista na imprensa. No decorrer dos anos, revistas e periódicos importantes do Século XX tiveram em suas páginas seu traço inconfundível: O Cruzeiro, Jornal dos Sports, Correio da Manhã, Pasquim, O Dia, Última Hora, entre tantos. Frequentador assíduo da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), foi homenageado em sua sede entre dezembro e janeiro últimos com a exposição "Adail - Uma Grande Homenagem". Grande conhecedor da história do samba, deixou várias composições inéditas. Nonato Buzar, falecido no dia 02/02 e Adail, falecido no dia 05/02, foram artistas originais, discretos, simples, generosos com seus pares. Ambos com mais de oitenta anos vividos, obras indeléveis na bagagem e uma dignidade cada vez mais difícil de se ver por aí.

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