6 de agosto de 2013

Li: "Iron Man - Minha Jornada com o Black Sabbath", a biografia de Tony Iommi

Esta autobiografia do lendário guitarrista Tony Iommi - "Iron Man - Minha Jornada com o Black Sabbath" é um grande alento dentro das inúmeras biografias que transbordam das prateleiras das livrarias só pra tirar casquinha (e dim dim) deste interminável filão chamado rock. Li suas 400 páginas de uma talagada só. Uma biografia realmente honesta, sincera, sem floreios, direta no ponto. Assuntos espinhosos ou complicados - excesso de drogas, brigas, empresários sanguessugas, mortes próximas - são abordados sem desvios, assim como os  momentos hilários e malucos, uma constante em toda a carreira do grupo. Tony sempre foi o "Iron Man" de fato.  Na hora de compor, era ele quem torrava as pestanas em busca do riff mágico. E eles realmente surgiam aos borbotões - Tony, além de verdadeiro pai do heavy metal, é também chamado de Homem-riff ou Mestre dos Riffs, e não é à toa. Quando era pra dar esporro, mandar alguém da banda embora ou aguentar pressão de empresário, lá estava Iommi, assumindo seu papel de líder. Ozzy era o mais lunático e palhaço, Geezer Butler o mais excêntrico e Bill Ward o mais "ogro", mas não pensem que Tony era muito metódico ou certinho - era ele quem mais pregava peças entre os integrantes - e o baterista Bill Ward era uma de suas vítimas prediletas. Numa dessas brincadeirinhas singelas, Ward acabou pegando fogo! Único presente em todas as formações da banda, Tony Iommi passou por poucas e boas, vivenciando crises, marés baixas, sucessos, excessos, pra conseguir no final de mais de 40 anos, firmar pra sempre o Black Sabbath no panteão das maiores bandas de todos os tempos. A banda lançou a pouco seu 19º álbum, "13", com a formação "quase" original: Bill Ward acabou não se juntando ao projeto. E pra não deixar de ser o Iron Man que sempre foi, Iommi, embora tenha descoberto um câncer que para os médicos não tem 100% de cura, segue ao vivo com sua eterna banda, em turnê que passará pelo Brasil em outubro. A se considerar tudo o que já passou essa lenda do rock, é só mais um obstáculo a superar.

Algumas surpresas, achados e constatações da biografia:
* a avó de Tony Iommi é brasileira. Bom, há grandes chances disso ser verdade. Em uma das passagens iniciais, o guitarrista diz: "acho que minha avó era do Brasil".
* Realmente Tony, aos 17 anos, perdeu as pontas de dois dedos de sua mão direita ( ele era canhoto) e foi no último turno do seu último dia de trabalho. E surpreendentemente ele fez dedeiras caseiras, com couro de jaqueta e metais para seguir em frente com sua banda Earth, futura Black Sabbath. A maior surpresa aqui é como o próprio dono da empresa onde ele se acidentou, foi o grande responsável pela sua superação.
* a aura demoníaca da banda sempre foi mais incensada pelos fãs do que propriamente pela banda. Digamos que eles acenderam um fósforo e a coisa acabou virando um grande incêndio. No início eles simplesmente trocaram o blues por um som mais pesado, com pitadas de terror. Aprovada a fórmula, seguiram, sem grandes estratégias nesse sentido. 
* Aliás, conforme relata o guitarrista, quando a banda foi assistir "O Exorcista" no cinema, todos, sem exceção, se borraram de medo.
* Ok, tudo era despretensioso. Mas o guitarrista se assustou pra valer quando informaram-lhe que o riff da música hômonima da banda, que abre o primeiro álbum, formava uma sequência de acordes que foi proibida na Idade Média e era chamada de "intervalo do Diabo".
* Tony explica com riqueza de detalhes seu envolvimento com o Jethro Tull e como foi a única apresentação com a banda, no espalhafatoso e midiático "Rock and Roll Circus", especial de TV dos Rolling Stones de 1968 que ficou décadas inédito.
* a música Iron Man não foi inspirada no Homem de Ferro da Marvel, como podem supor os que a ouvirem no último filme do super herói metálico. Segundo Iommi, o baixista Geezer Butler, responsável pela maioria das letras, se baseou em outro personagem de quadrinhos, um robô que se sentia como um homem.
* Ronnie James Dio não gostava mesmo de Ozzy Osbourne ( a quem substituiu no grupo) e quando foi convidado por Iommi para dividir o palco com ele, simplesmente pulou fora do Black Sabbath ( pela segunda vez).
* Tony parece ser muito discreto e simples em seu cotidiano,embora tivesse mania por carros caríssimos. E preza muito suas velhas amizades. Cita no livro várias delas, com destaque para alguns amigos de juventude da sua cidade natal, John Bonham, padrinho do seu primeiro casamento e Brian May, com quem sempre se divertiu muito tocando junto.

Bom, já contei demais. O resto vocês lêem. Pra fechar, 10 grandes momentos de Tony Iommi, em uma seleção especial da Rolling Stone:

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