21 de junho de 2010

Grandes discos ao vivo (1)– 1969/1970/1971

Confesso que disco ao vivo me deixa com a pulga atrás da orelha. Até que a audição me prove o contrário, eu tenho uma predisposição automática de achar que a maioria dos discos "live" não captam o clima e as nuances técnicas dos shows. Tudo bem que a tecnologia melhorou muito esta captação, mas nada que me surpreenda - ver/ouvir ao vivo é muito, mas muito melhor. Mas ao longo da história, alguns lançamentos viraram ícones justamente por capturar a alma e o ambiente das performances ao vivo. E quando os fonogramas conseguem esta proeza, entram para o seleto clube dos discos essenciais. Selecionarei no ano alguns deles, que no correr dos meus 42 anos me fisgaram de jeito. Começando por estas três pérolas abaixo, lançadas entre 1969 e 1971:

MC-5-Kick out the Jams -(1969) - ao lado dos Stooges, do lunático Iggy Pop, o MC-5 foi uma das bandas mais 'sujas' e barulhentas surgidas no final dos anos 60. A história deles é uma profusão de lances extravagantes e radicais (leia aqui: http://www.beatrix.pro.br/mofo/mc5.htm ) e o disco em questão captura com precisão uma performance esporrenta ( um termo que cai bem ao legado do MC-5) do final de 68. Para quem acha que os sixties eram só paz e amor, eis uma mostra de que a pancadaria sonora já era burilada muito tempo antes do punk setentista. Esse disco, com seu ataque direto, palavrões e discursos inflamados, captura com exatidão esse abscesso inflamado que atingiu a frágil pele rosada do flower power. As cenas abaixo não correspondem ao show do disco mas são as mesmas músicas tocadas na mesma época. http://www.youtube.com/watch?v=iM6nasmkg7A http://www.youtube.com/watch?v=6Cg0qJ-ieRk http://www.youtube.com/watch?v=LEi1-FSec24&feature=related

The Who - Live at Leeds - 1970 - O The Who atingiu o seu auge após a gravação do clássico "Tommy", de 1968, ópera rock saída da cabeça efervescente de Pete Townshend. A banda logo se movimentou para gravar ao vivo aquela fase mágica de performances cruciais. Dois locais foram escolhidos e para a gravação do vinil acabou prevalecendo a apresentação perfeita na Universidade de Leeds. Perfeita ao extremo, não só porque enquadra a banda em seu melhor momento, como flagra versões ao vivo estendidas superiores às originais. Discaço. http://www.youtube.com/watch?v=9g30nwCpyaA http://www.youtube.com/watch?v=ea0759BeJ2U&feature=related http://www.youtube.com/watch?v=Sg3fmZyE3cg&feature=related http://www.youtube.com/watch?v=uY9sDk6NyQY http://www.youtube.com/watch?v=Y9kP5_NAsBw&feature=related

Allman Brothers - At Fillmore East (1971) - Este álbum gravado ao vivo em Manhattan foi a obra-prima desta grande banda de blues e southern rock. Com 7 músicas e 70 minutos de duração, foi o canto de cisne do genial Duane Allman que morreria no mesmo ano - o disco posterior de estúdio (Eat A Peach) contou com sua participação, mas não em todas as faixas. É um raro momento em que as gravações ao vivo suplantam as de estúdio. As improvisações surpreendentes, o clima crescente do disco, as tabelinhas precisas entre os riffs de Duane e os outros instrumentos ( incluindo as duas baterias) e o tesão de todos os integrantes por estarem ali, tocando com muito suór e sangue, alçam este disco ao panteão dos grandes álbuns ao vivo de todos os tempos.
http://www.youtube.com/watch?v=KHhKnc0XZrs
http://www.youtube.com/watch?v=5K8SYmWjV6w

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