11 de novembro de 2009

Doce e ácida Via Láctea: a longa estrada entre a mineirada, MJ e o acid jazz

Por Rogério Engelmann*
Logo após ler mensagem do Malú pedindo um texto sobre musica negra e Michael Jackson, visitei o blog para me situar, embalado que estava pela black music & grooveria ltda., e...
putz! deparei com um verdadeiro compêndio sobre os Borges. Veio na hora em minha cabeça o céu, o som, o sol, o Sul de Minas e a lembrança de uma viagem que fizemos em 1990 (este que vos escreve, Malú, Zequinha, Wirts e Fabinho) no feriado de Páscoa, em que percorremos alguns caminhos e cidades (bem na divisa: Paraisópolis, Brasópolis, Piranguinho e alguns vilarejos). Combinamos no susto, na sexta-feira santa e saímos com o sábado de Aleluia nascendo, bem cedo, junto com o friozinho daquela manhã enevoada de outono. Sem rumo certo, meio 'easy riders'. Lembro da trilha sonora que rodava no velho toca-fitas: Pink Floyd, Triumvirat (atenção roqueiros: quem se habilita a escrever sobre...), uma coletânea com The Firm, Crosby, Stills and Nash, Genesis, também Beto Guedes, e ele:
Lô Borges. Via Láctea.
Assim como “Off the Wall” de Michael Jackson, este Via Láctea” é um dos fundamentos da minha história musical (como pode, Michael Jackson com Lô Borges?). Geléia geral.
Explico: em 1979, começo do FM, nas tardes passadas na casa da minha madrinha tia Olga, o então namorado da minha prima trazia discos (só vinil): Jean-Luc Ponty, Krafwerk, Milton Nascimento, Lô Borges..., e quando o som estava no FM, na rádio JP2, tocava MJ, EW&F, Kool & the Gang, Chaka Kan, Jimmy Bo Horn, e também boa MPB, de vez em quando a Mineirada, e entre eles Lô Borges – Tudo que você podia ser, Chuva na montanha, Vento de Maio (também inesquecível na voz de Elis Regina). Aprendi a ouvir música. Embora o som dançante tenha predominado e culminado com as histórias narradas nos “Passagens” (capítulos do ainda inédito livro sobre a nossa antiga Turma do Ponto, de São Caetano), nas horas mais introspectivas rolava a Mineirada, Tom Jobim e toda a bossa nova, o jazz norte-americano e o nacional. Várias influências nada a ver, mas tudo a ver, e que, hoje, após trinta (1979-2009!!) anos envelhecidos em barris de carvalho, resultaram num blend que, por enquanto, celebro no gênero intitulado Acid Jazz (mais dançante). Também Nu Jazz, mais introspectivo (meio mineiro?) e demais vertentes correlatas. Mistura de som dançante com influências da disco music, do jazz, da bossa nova, com arranjos R&B, samplers, sintetizadores Moog. Bandas: Incógnito (primeiro álbum: Jazzfunk), Ed Motta Dwittza (imperdível), Jamiroquai, US3 e por aí vai (vou melhorar a discografia). Raízes: Quincy Jones no final dos anos 1960, Henry Mancini, idem. Por fim, MJ ficou pra depois, tocado que fui pela lembrança da Mineirada que, confesso, andava meio empoeirada por aqui. E este texto que se pretendeu jornalístico virou, de certa forma, um “Passagens”, com trechos que só os iniciados na Confraria do Ponto de Táxi entenderão.
Meio piegas, digamos açucarado. Ou melhor: doce de leite. Com queijo branco fresco...
Dica Triumvirat: os álbuns sempre tinham um ratinho branco na foto da capa...
*Rogério Engelmann é arquiteto e grande apreciador da geléia musical , principalmente com calda black e um queijinho acompanhando.

Nenhum comentário:

Postar um comentário