14 de setembro de 2009

Discos que nos Tocam 1 - No Reason to Cry/Eric Clapton (1976)


por Rick Berlitz

Talvez não seja um disco que tenha merecido grandes aplausos da crítica especializada ou do público; talvez não seja aquele considerado ‘o melhor’ pelo artista ou pela gravadora. Pode ser que nem mesmo configure entre “os 10 mais de todos os tempos”. Enfim, o que faz diferença, no mundo mágico da música? Um disco inteiro pode ser mediano, fraco, passar desapercebido. Mas alguma coisa nele pode chamar atenção.
NO REASON TO CRY, álbum de Eric Clapton lançado em janeiro de 1976, tem alguns aspectos especiais. Não é um disco que se possa comparar a todos os excelentes LPs/CDs já lançados pelo guitarrista. Mas como em “Layla and Other Assorted Love Songs” (dezembro de 1970), quando teve a companhia do lendário guitarrista Duane Allman (The Allman Brothers Band), e no sensacional “461 Ocean Boulevard” (agosto de 1974), com a presença (não fisicamente) de Bob Marley, em "I Shot the Sheriff" e ainda por ser o marco inicial da adoção de Clapton pela Fender Stratocaster, “No Reason To Cry” tem a clássica Sing Language, de autoria do não menos genial e excêntrico Bob Dylan, que na época morava em uma barraca nos jardins do Shangri-La Studios, da Califónia.
“No Reason” conta ainda com uma boa pegada de EC na guitarra, incorporando o Overdub, muito usado por Robbie Robertson, e o wang bar, utilizando aquela alavanca da guitarra que Jimi Hendrix imortalizou em Woodstock.
Com 11 canções, No Reason To Cry apresenta também diferenciais impensáveis para os atuais tempos business de hoje – mas comum à época: um disco movido a bebedeiras, desnorteado e inicialmente sem um produtor. Só a alma genial de Sr. Eric Clapton, um “Deus que toca apenas 10 minutos por dia”, para fazer deste disco parte importante do Rock mundial.
Mesmo não sendo um marco na carreira do ‘melhor guitarrista de todos os tempos’, “No Reason” tem grandes motivos de alegria. Até pelo fato de Clapton confessar que Sign Language é uma de suas músicas favoritas.

(Rick Berlitz é jornalista e 'ericlaptomaníaco')

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